As quedas nos idosos constituem uma importante causa de morbidade e mortalidade, pois, com frequência, após uma queda o idoso pode sofrer desde uma pequena lesão até a perda significativa da independência funcional e mesmo a morte.
Na realidade, a frequência de quedas em pessoas idosas é muito mais alta do que se imagina, uma vez que os idosos as aceitam com um acometimento inevitável do envelhecer e normalmente não as relatam, a menos que interrogadas. Cabe ao profissional da saúde questioná-los sobre esse fato, uma ve que o "cair" pode ser manifestação de várias doenças importantes que devem ser diagnosticadas. A queda é um sintoma, não um acometimento isolado ou independente. Nesse sentido, é importante a participação de uma equipe interprofissional, pois o paciente que cai, além do exame clínico, tem necessidade de uma avaliação fisioterapêutica minuciosa, avaliação do ambiente domiciliário e também do seu estado psicossocial.
Com frequência, uma única queda resulta em medo de cair novamente, o que leva à perda da confiança na própria capacidade de realizar atividades rotineiras. A restrição nas atividades leva ao isolamento social, à superproteção dos familiares e a uma dependência cada vez maior. O descondicionamento, a rigidez articular e a fraqueza muscular resultantes da diminuição das atividades podem levar a mais quedas e à restrição adicional da mobilidade. O medo de cair pode afetar mesmo aqueles com mobilidade comprometida, que não sofreram nenhuma queda, provocando sequelas semelhantes de atividade restrita, isolamento social e dependência aumentada.
São diversos os fatores relacionados com a idade que contribuem para a instabilidade e as quedas. Muitas quedas "acidentais" são causadas por um ou pela combinação desses fatores interagindo com os perigos ambientais.
A identificação dos fatores de risco é uma importante etapa no sentido de prevenção de quedas. Os fatores de risco são classificados como: intrínsecos (fisiológicos e patológicos), extrínsecos (ambientais) e comportamentais.
- Fatores intrínsecos fisiológicos:
- Alterações biomecânicas (diminuição da amplitude de movimento, fraqueza muscular);
- Alterações do controle postural;
- Alterações da marcha;
- Processamento central prejudicado, diminuição das respostas reflexas;
- Alterações sensoriais, diminuição da propriocepção e da visão.
-Fatores intrínsecos patológicos:
- Decorrentes de doença neurológicas, osteomusculares, cardivasculares, metabólicas, cognitivas e afetivas;
- Síncopes, hipotensão postural, vertigens;
- Efeitos colaterais da polifarmácia;
- Deformidades dos pés (hálux valgo, artelhos em garra, calosidades).
-Fatores extrínsecos:
- Presença de móveis instáveis;
- Escadas inclinadas e sem balaústres;
- Tapetes avulsos e carpetes mal-adaptados;
- Iluminação inadequada;
- Tacos soltos no chão;
- Pisos encerados ou escorregadios;
- Camas altas e sofás, cadeiras e vaso sanitário muito baixos;
- Prateleiras de difícil alcance;
- Presença de animais domésticos na casa;
- Uso de chinelos ou sapatos em más condições ou mal adaptados;
- Fios elétricos soltos etc.
-Fatores comportamentais:
- Incompreensão do idoso em relação ao processo de envelhecimento, ou seja, a não-aceitação de dispositivos de marcha e a manutenção de atividades realizadas na juventude que agora tornaram-se perigosas, por exemplo, subir no telhado.
Devemos ressaltar que as quedas na população geriátrica representam um problema de saúde pública com substanciais consequências médicas e econômicas, sendo suas causas complexas e multifatoriais.A diversidade dos fatores de risco sugere que intervenções preventivas, para serem efetivas, precisam ser abrangentes.Deve-se dar atenção especial à identificação e à redução desses fatores e também aos idosos frágeis que ainda não tenham sofrido queda.
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